Bernardo Santos elogia atletas do Unimed Campinas: “são as grandes responsáveis pelo bom momento”


Ele assumiu uma responsabilidade enorme e vem demonstrando muito talento e competência na condução de um elenco experiente. Aos 29 anos, Bernardo dos Santos é o head coach do Unimed Campinas, líder da Divisão Especial Feminina do Campeonato Paulista.

Depois de fechar o primeiro turno da competição com apenas uma derrota em oito jogos, a equipe já está classificada para os playoffs e agora vai disputar a fase de realinhamento, medindo força com as outros três times da chave B – Ituano, A.D Santo André e Sesi Araraquara. O objetivo é se manter na primeira colocação da tabela e entrar nos playoffs com a moral alta para caminhar até as finais.

Crédito:Giuliano.film/Unimed Campinas Basquete

Em entrevista ao site oficial da Federação Paulista, Bernardo falou sobre a mudança na carreira, ao deixar de atuar como auxiliar técnico se tornar treinador principal. E destacou o segredo para o bom desempenho do time até aqui:

“O principal fator para o nosso bom desempenho na temporada são as atletas. São elas que se dedicam no dia a dia na parte física, que se doam nos trabalhos com a nossa psicóloga e também se cuidam fora da quadra. São elas as principais responsáveis por esse sucesso do Unimed Campinas até o momento”, afirma.

Confira todos os trechos da entrevista exclusiva:

1) Até pouco tempo você atuava como auxiliar técnico da equipe. Agora, aos 29 anos, como tem se sentido diante do desafio de comandar diretamente o Unimed Campinas? O que mudou na sua vida e como você avalia as responsabilidades do técnico dentro de uma equipe?

R = É muito diferente. Como assistente você está ali para auxiliar, ver os detalhes e entender melhor os conceitos e as ideias do treinador principal. Você acaba tendo algumas funções, como edição de vídeo, estatísticas e uma parte de treinos individuais que são importantes dentro de todo o processo. Já como treinador principal, você já tem uma gerência mais macro do processo. Eu acredito que ambas as situações são extremamente importantes, mas vejo uma diferença bem grande nesse sentido. Para mim, o que mudou principalmente na minha troca de função tem a ver com a gestão e a liderança de pessoas. Obviamente, quando você é treinador principal você toma decisões que de alguma forma vão interferir na vida das pessoas que estão envolvidas no processo. Então, a gestão dessas pessoas e ser o líder desse barco é o processo que eu mais tenho aprendido desde que me tornei treinador principal. Apesar de ser muito novo e ainda ter muito a aprender.”

2) Sua equipe fez ótima campanha na última LBF, indo até as semifinais. Agora, o Unimed Campinas lidera o Campeonato Paulista com uma campanha quase perfeita até este momento da competição. Quais os principais fatores responsáveis por esse bom desempenho na temporada?

R= O principal fator para o nosso bom desempenho na temporada são as atletas. São elas que se dedicam no dia a dia na parte física, que se doam nos trabalhos com a nossa psicóloga e também se cuidam fora da quadra. São elas as principais responsáveis pelo nosso sucesso até o momento.

O nosso dia a dia é de muito trabalho e muita dedicação da parte delas. Trabalhamos muito com um processo de liderança, colocando as atletas em um trilho para a busca dos nossos objetivos. Naturalmente, isso passa também pelos conceitos que gostamos de colocar em prática como defesa, transição e volume de jogo. Porém, no fim das contas as grandes estrelas são elas. A dedicação delas em cada área que interfere no rendimento em quadra é fundamental e tem sido fundamental para estarmos bem na temporada até agora.

Crédito: Giuliano.film/Unimed Campinas Basquete

3) Nas sete partidas disputadas até aqui, somente contra o Sesi Araraquara a vitória do Unimed Campinas aconteceu por margem menor que dez pontos (68 a 62). A equipe manteve liderança relativamente confortável ao longo dos demais jogos. Na sua opinião, por que sua equipe foi tão superior aos adversários?

R = Acredito que a gente venha conseguindo as vitórias baseado em uma ideia. A nossa principal ideia de jogo é de uma defesa muito agressiva e de poder correr a quadra e ter mais volume de jogo que o adversário. Sempre que a gente começa uma partida eu falo para as meninas que a gente precisa ter um volume de jogo superior e uma defesa mais agressiva que a do outro time…Também procuramos mostrar a importância de sermos superiores em alguns fundamentos, como ter o maior número de rebotes ofensivos e o melhor aproveitamento nos lances livres. Ter o maior número de rebotes ofensivos mostra um time que é mais agressivo, que procura mais a bola. Bater mais lances livres mostra um time que busca mais a cesta. Isso tudo somando interfere no resultado.

Mas o principal é que elas entenderam que precisamos defender bem. Se queremos chegar nas finais precisamos defender. E isso se busca no dia a dia com o trabalho. Defesa forte, transição rápida…Além do nosso trabalho diário, as coisas acabaram se encaixando e fluindo muito bem para que a gente tivesse essa boa campanha até aqui.

 

4) Se levarmos em consideração a média de pontos por partida, sua equipe tem as duas maiores pontuadoras do Paulista, a Ineides Casanova e a Luana Batista (média de 19,57 por jogo). A primeira é armadora e a segunda é ala, ambas com muita experiência. Além do ótimo aproveitamento nos arremessos, qual é a importância dessas duas jogadoras para a sua equipe?

R = Em primeiro lugar, quero destacar não só a importância das duas atletas, mas a importância da Karla (Karla Costa, gestora do projeto do Unimed Campinhas). Conhecemos a competência dela em formar grande elencos e de certa forma para um treinador fica até fácil trabalhar com jogadores de qualidade. A Luana e a Casanova (foto) são duas jogadoras de muito volume e muita qualidade ofensiva e resiliência defensiva. Têm muita energia, muita entrega e acho que a maneira como elas trabalham no dia a dia reflete diretamente no desempenho que estão tendo neste Campeonato Paulista.

O fato de serem as maiores cestinhas da competição é um reflexo no dia a dia de treinos. Como comissão técnica estamos aqui para guiá-las e tentar ajudá-las o máximo possível, mas no fim das contas elas são as grandes estrelas do processo. Obviamente, se as demais companheiras em quadra não estivessem fazendo um bom trabalho, talvez eles não tivessem uma média tão grande de pontos. Todas são importantes nesse processo.

5) Mesmo com a competição em seu primeiro turno já é possível vislumbrar o Unimed Campinas chegando às finais?

R = É o nosso objetivo. É óbvio que são muitas equipes de qualidade e os times têm muita competência. Santo André, Ituano, Corinthians, Sesi Araraquara…Todas essas equipes jogam a LBF e precisamos entender que temos que fazer a nossa parte muito bem feita. O foco é se concentrar naquilo que podemos entregar e tenho certeza que estaremos nas finais para brigar para sermos campeões. Buscamos nos fortalecer e melhorar todos os dias. Vamos brigar pelos nossos objetivos a cada bola, a cada jogo. Podem ter certeza que não vai faltar entrega e trabalho. Mas é claro que o basquete é um jogo decidido nos detalhes e o time que estiver mais atento a isso provavelmente vai chegar.