Thelma Tavernari: “Dama de Ferro” se dedicou à base e ajudou a fortalecer basquetebol paulista


Ela é certamente uma das personagens mais importantes da história do basquetebol paulista e colaborou com muita dedicação para o crescimento da modalidade, em especial ao defender as cores do Esporte Clube Pinheiros. Em 32 anos como treinadora do clube Azul e Preto, Thelma Tavernari direcionou todo seu esforço para o desenvolvimento de jovens talentos. E seu legado é gigante.

No comando das categorias de base pinheirenses, a “Dama de Ferro” conquistou nada menos do que 118 títulos, o último deles no dia 01 de dezembro, quando a equipe Sub-15 do clube derrotou o São Paulo e sagrou-se campeão paulista de 2024. Poucos dias depois, já oficialmente “aposentada”, Thelma assistiu ex-pupilos superarem o mesmo São Paulo e conquistarem o Estadual Masculino Sub-18. Seus sorrisos após o jogo mostravam ao mesmo tempo orgulho e sensação de dever cumprido.

Enyo Correia, diretor-executivo da Federação Paulista de Basketball, viu de perto muitas dessas conquistas e ressalta a relevância do trabalho da profissional para a história da entidade, que completou 100 anos em 2024.

“A diretoria da Federação agradece por todo trabalho realizado pela Thelma, que contribuiu com muita dedicação, profissionalismo e competência para a construção da história da FPB. Também parabenizamos a Thelma por ser a técnica com a maior quantidade de títulos conquistados em todo o Brasil. Não há um profissional na história do esporte brasileiro com tantos títulos”, afirma o dirigente.

A “Grande Dama” do Basquete do Pinheiros conversou com exclusividade com o site oficial da Federação Paulista de Basketball e falou sobre a trajetória de mais de três décadas pela estrada do esporte. Confira:

1 – Em 32 anos no Pinheiros você assistiu não só à evolução do basquete no clube, mas também em todo o estado de São Paulo. Como você viu o desenvolvimento do esporte nesse período?

Thelma Tavernari: “Minha resposta é simples. Nesse período o basquetebol paulista teve um crescimento de 70% em relação aos demais estados brasileiros. Os números mostram que cresceu muito”.

2 – Por que você sempre fez questão de trabalhar com a base e nunca quis atuar como treinadora de equipes profissionais?

Thelma Tavernari: “Não tem coisa melhor do que ver o crescimento e o desenvolvimento das crianças! Gosto de trabalhar na base e aos 16 anos entregar o jogador com todos os fundamentos e a leitura do jogo quase completa.

3 – O carinho e o respeito que todos no Pinheiros têm por você não está relacionado somente à quantidade de títulos conquistados. Na sua opinião, que outros fatores ajudaram nessa permanência tão longa no clube?

Thelma Tavernari: Fui coordenadora de quadras de handball, basquete e vôlei. Criei as escolinhas, que não existiam no clube, em 1992! Aí saí e fiquei só como coordenadora do basquete, com o objetivo de qualificar os sócios. Treinei as categorias até 17 para fazer com que os sócios do Pinheiros não parassem de jogar muito cedo, com apenas 15 anos. Me orgulho disto. E sempre exigi muita disciplina de todos.

4 – Que mensagem você deixa para atletas que estão começando agora e que sonham em vencer no basquete?

Thelma Tavernari: “Tem que estudar! Porque a carreira do atleta é curta e ele precisa ter uma profissão! O que o basquete faz por você? E o que você faz pelo basquete? Dediquem-se com  comprometimento, lealdade, respeito e sejam verdadeiros cidadãos!

5 – E que conselho você pode dar para profissionais (treinadores, membros de comissão técnica e dirigentes) que hoje trabalham no desenvolvimento de jovens talentos nos clubes? 

Thelma Tavernari: “O segredo é dedicação e comprometimento. Ser incansável, porque a profissão pede repetição para chegar quase à perfeição e nunca para de repetir, mil vezes se precisa. E quando entrar na quadra, deixar os problemas do lado de fora. Ser sempre positivo … Sorriso no rosto e amor pelo que faz.”