Com os pés no chão, o campeão Paulistano/Corpore conta os segredos do sucesso


A equipe perdeu os principais jogadores, se reforçou com jogadores sem altos salários e já começa a temporada sendo finalista do Paulista. Como no ano passado.

A equipe principal perdeu meio time, com as saídas dos jogadores Elinho Corazza, Deryk Ramos, Kyle Fuller, Nesbit, Jhonatan Luz, o técnico Gustavinho De Conti e o supervisor e preparador físico Diego Jeleilate. Nem por isso, reclamou da sorte. Correu logo e trouxe o experiente técnico Régis Marrelli, o mesmo que dirigindo o São José tirou um título paulista do próprio clube, em 2009. E como um passo de magia, se refez. Com muita paciência, se reforçou com jogadores sem grandes salários. E o sucesso continua.

Pelo segundo ano consecutivo, o Club Athletico Paulistano, com parceria com a Corpore, é finalista do Campeonato Paulista Masculino da Divisão Especial da Série A-1. E com a vantagem de decidir em seu ginásio. Na semifinal, fez 2 a 0 no principal rival, o EC Pinheiros. A torcida já sonha com o bicampeonato.

Do time campeão da temporada passada, poucos jogadores permaneceram, com exceção do atual capitão da equipe, o Guilherme Hubner, que herdou a braçadeira de Jhonatan Luz, o the flash Yago Matheus, o preciso Eddy Carvalho, mais os revelados na base, casos de Alex Doria, Dilembre André, Beto Fagundes e Vitão Silva. Du Sommer, por causa de uma lesão, ainda não jogou no Paulista.

Para recompor o time, a diretoria correu rápido e trouxe os reforços do americano Evan Roquemore, que jogou pelo Minas Tênis, o retorno de George de Paula, que estava no Houston Rockets, na NBA, Léo Meindl, Antônio Ferreira, de Franca e Renan Lenz, de Bauru. O time estava montado para defender os títulos conquistados na temporada passada.

Para o diretor de basquete do Paulistano, Silas Grassi, que também foi jogador, o projeto não é de hoje. Começou em 2000. “Sempre com os pés no chão, sem fazer loucura. Logo que tivemos a saída dos jogadores, corremos atrás dos reforços daqueles jogadores que têm o perfil do clube. E fomos felizes”, disse o dirigente.

Para jogar a série melhor de três contra o vencedor de Franca e Bauru, Silas confessa que a vantagem de jogar em casa é muito boa, mas não acha que é determinante. “Precisamos lembrar que ganhamos os dois títulos fora de casa. O Paulista, em Franca e o Brasileiro foi em Mogi. Precisamos ficar atentos a isso para não sermos surpreendidos”.

MARRELLI ENCAIXOU

O técnico Régis Marrelli já foi assistente de José Edvar Simões, dirigiu Mogi e São José. Antes de chegar no Paulistano, estava no Vitória da Bahia. De pronto aceitou o desafio de substituir aquele que é a cara da equipe e do Paulistano: Gustavo De Conti. Com o conhecimento adquirido ao longo da carreira, Marrelli foi colocando, aos poucos, sua filosofia de trabalho e, hoje, já é um técnico querido por todos.

“Quando cheguei já sabia como funcionava o Paulistano, que tem como principal filosofia de trabalho a valorização dos garotos, e quando vai contratar, sem loucuras financeiras. Por isso, cada fim de temporada, quem tem proposta para sair, o clube libera sem problema e isso abre oportunidades para os jovens da base, graças ao bom trabalho feito pelos técnicos da base. Isso realmente faz uma grande diferença”.

Régis lembra que quando recebeu o convite para treinar o Paulistano, aceitou de imediato. “Fiquei muito contente, porque sabia que iria ter uma estrutura sólida no clube ao mesmo tempo que era um grande desafio substituir o Gustavinho, ao mesmo tempo que era uma honra para mim realizar um bom trabalho”, disse. “Não importa quem vier entre Franca e Bauru. Decidir em casa não é vantagem e precisamos estar focados para defender o título a cada segundo do jogo”. Disse.

Completando, Régis Marrelli afirma que não tem segredo o sucesso do Paulistano: “Não existe uma mágica. Existe sim um grande trabalho, uma comissão técnica integrada com a base, com o Betão, Eran, Clauber…E isso faz do Paulistano um clube que não investe muito dinheiro na equipe, mas tem uma estrutura fantástica que dá sustentação ao projeto basquete”.

EX-CLUBE SOCIAL

O Paulistano, desde o fim do futebol, exatamente pelo fato de se tornar profissional, sempre foi conhecido como um clube restritamente social. Por muito tempo, o clube não aceitava o esporte profissional. Depois de 11 títulos no futebol, de 1905 a 1929, parou com suas atividades porque o futebol passou ser profissional.

“Realmente no Paulistano existia a fama de clube social, mas o esporte está no nome, mas sempre foi esportivo, lógico que sem o profissionalismo como nos outros. Hoje, no entanto, esporte profissional é apenas o basquete”, atesta Silas Grassi.

O dirigente classifica o grande público no ginásio Antônio Prado Júnior, um dos fatores importantes nas conquistas do time. “Hoje não existe arquibancada vazia nos jogos do Paulistano. Muita gente jovem, sócios todos estão indo nos nossos jogos e isso dá um incentivo grande à equipe”, disse Silas que confirma que o clube banca parte dos gastos com os jogadores e com a ajuda do principal patrocinador que é a Corpore.