Fernando Penna fala sobre a jornada do Mogi e os desafios da temporada


Em junho de 2022, o Mogi Basquete anunciou a paralisação temporária de seu projeto profissional de basquete. O “pedido de tempo” foi necessário em nome da responsabilidade de gestão, para que o clube se reorganizasse financeiramente e voltasse às quadras com um projeto “pés no chão” e que, passo a passo, levasse a equipe de volta às conquistas que marcam sua história. A temporada sem jogos na elite do basquete logicamente entristeceu os torcedores apaixonados. Mas a parada consciente e estratégica foi importante para que um novo projeto sólido nascesse.

O retorno aconteceu no ano passado. O sonhado tetracampeonato paulista não veio na competição, mas ali foram dados passos importantes na retomada. Em 2024, mais maduro, o projeto do Mogi basquete segue o caminho da prudência, aliada à visão de futuro. Como ferramenta principal para o desenvolvimento do trabalho estão jovens atletas, alguns formados nas categorias de base do clube, liderados pelo técnico Fernando Penna.

Nascido em Franca, cidade tão apaixonada quanto Mogi das Cruzes pelo basquete, ele tem consciência da responsabilidade de conduzir um time com tanta tradição.

Penna concedeu entrevista ao site oficial da Federação Paulista e falou sobre o momento do Mogi. O treinador entende as limitações orçamentárias, mas acredita que o caminho para o sucesso no futuro é mesmo o da responsabilidade: “Estamos no caminho certo”.

Confira a entrevista completa com Fernando Penna.

1) O que significa para você representar uma das marcas mais tradicionais do basquete nacional, dona de uma das torcidas mais apaixonadas no Brasil? Você nasceu em Franca, cidade também apaixonada por basquete e está Mogi há um ano. É diferente trabalhar em um lugar como Mogi? Qual o peso dessa responsabilidade?

R= A responsabilidade é grande, mas é uma honra ao mesmo tempo estar em uma instituição tão apaixonada por basquete. Além de São Paulo, poucos lugares no Brasil têm cidades apaixonadas por basquete como Mogi, Franca, Rio Claro, São José, Bauru… São cidades do interior que realmente respiram basquete. Então pra mim é um privilégio e um motivo de orgulho representar essa instituição.

2) Mogi tem um projeto para o basquete que é marcado pela responsabilidade. É uma  “estratégia pés no chão” com responsabilidade orçamentária, foco no desenvolvimento dos atletas da base, aumento gradativo dos investimentos e que visa recuperar os tempos mais vitoriosos desse time. Como você analisa o andamento desse projeto?

R = Acho que estamos no caminho certo. Sabemos da responsabilidade que precisamos ter de acordo com a situação financeira. É um privilégio que Mogi tenha todas as categorias de base, do sub-12 ao sub-20, e isso engrandece muito o projeto. Por outro lado, sabemos que precisamos formar novos talentos mas também precisamos competir. O projeto atual é atuar dentro das condições financeiras, revelar novos jogadores e ser competitivo de acordo com as condições que nós temos.

3) A diretoria renovou o contrato de diversos jovens que atuaram na temporada passada e essa será a base do Mogi para os campeonatos de 2024/2025. Qual a importância da manutenção desses talentos? Em paralelo, também renovou o contrato do Guilherme Lessa, que é cria de Mogi e já tem bastante rodagem. Com essa espinha dorsal montada, qual o perfil dos reforços que Mogi está buscando?

R= A renovação do Guilherme Lessa é um case de sucesso mogiano. Ele é um jogador que passou por todas as categorias de base e isso para os atletas jovens é sem dúvida um grande exemplo. Na temporada passada ele já era o capitão da equipe e vai continuar sendo na temporada atual. É motivo de muito orgulho tê-lo no nosso projeto. Sobre os mais jovens, no ano passado já demos oportunidade a vários deles e eles aproveitaram a chance. Agora, estão tendo mais uma vez a oportunidade no Campeonato Paulista, que é um campeonato de início de temporada e eles estão ganhando mais minutagem para que possam evoluir ainda mais.

4) Considerando que você tem um elenco jovem nas mãos, que tipo de mensagem, que tipo de espírito você tenta colocar na cabeça e no coração desses atletas para disputar uma competição tão equilibrada quanto o Campeonato Paulista adulto?

R = O que eu peço aos jogadores, principalmente os mais jovens é “entrega” no processo. Vir trabalhar todos os dias, se condicionarem fisicamente e se desenvolverem. E se divertirem na hora que entrar na quadra. Todos os jogadores, principalmente os mais jovens, querem essa oportunidade de atuar no time principal, ainda mais defendendo o Mogi Basquete. Então o que peço é que não falte entrega, carinho e amor por essa camisa.

5) É apenas o começo da temporada, mas já estamos entrando na reta final do primeiro turno do Paulista. Qual a sua avaliação do desempenho do Mogi até aqui?  

R = A equipe começou o Paulista de uma forma competitiva. Nós sabíamos das dificuldades, principalmente pelo pouco tempo de pré-temporada, com jogadores chegando ao time já bem perto do início da competição. É um campeonato com que tem 9 jogos no primeiro turno em menos de 1 mês… Também tivemos intercorrências, com atletas fora de jogos importantes em função de lesões. Junto com isso, temos também o desenvolvimento dos jovens que estão buscando seus espaços e procurando ser protagonistas. Sabemos que a inconsistência deles faz parte do processo. Agora temos que continuar trabalhando já que temos jogos importantes contra São José e Sorocaba. Precisamos  seguir no processo para voltar novamente a ganhar jogos no Paulista.